sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Preparando um casal de Coelhos



Uma vez que a noção de coelhos como animais de companhia é relativamente nova, a maior parte das pessoas opta por comprar um coelho inicialmente e, depois da habituação, decide-se a adquirir outro. E surge o problema: como efectuar a adaptação dos dois coelhos? Será que os dois coelhos se vão dar bem? O que posso fazer para minimizar as lutas iniciais?

Passo 1: Preparação

Primeiro que tudo tem de saber se tem condições para manter dois coelhos. Suportar os custos de duas gaiolas (os coelhos podem não conseguir estabelecer hierarquia) e tudo o que envolva a manutenção de ambos... E uma gaiola ou cerca suficientemente grandes para que não existam problemas territoriais constantes.

Dois dos mais importantes factores na introdução são o estado reprodutivo e o território. Qualquer combinação de coelhos esterilizados ou castrados é menos propensa a lutar (duas fêmeas, dois machos ou um casal). Além disso vai evitar ter de manter os coelhos constantemente em gaiolas separadas se tiver um casal (pelos menos se quiser evitar 12 ninhadas por ano e consequente morte da mãe e das crias por fraqueza) e gravidez psicológica na coelha com todos os problemas associados.

Para o coelho, um território neutro significa que é uma zona onde nunca nenhum dos coelhos esteve e considera seu. Idealmente será um espaço pequeno com um chão facilmente lavável e sem locais de acesso restrito a humanos (tem de ter os coelhos sempre no seu campo de visão e num local onde possa intervir).

Se o seu coelho estiver a percorrer toda a casa sem excepções, pode tentar usar a bagageira do seu carro ou pedir emprestada uma divisão da casa de um amigo. Além do espaço neutro, se tenciona juntar os coelhos na mesma gaiola (que tem de ser bastante grande, ou as lutas territoriais dificilmente acabarão), vai continuar a precisar de uma segunda gaiola nos primeiros tempos. Se quiser evitar essa despesa pode sempre tentar pedir uma emprestada, ou usar uma transportadora grande.

Equipe-se com um spray com água, uma grande quantidade de paciência e calma e, se possível, faça-se acompanhar de um amigo experiente.


Passo 2: considerações ao adquirir o segundo coelho

Muitas pessoas acham que têm de arranjar coelhos iguais para que se dêem bem, mas a verdade é que, quando castrados ou esterilizados, um coelho gigante dá-se perfeitamente bem com um anão (e sem surpresas se o dominante for o anão).

Tal como o território, as hormonas fazem aumentar a tensão entre os coelhos. Mesmo quando se eliminam todas as fontes possíveis de hostilidade, a probabilidade de haver comportamento agressivo na apresentação é bastante elevada. Portanto ao apresentar dois coelhos castrados/esterilizados em território neutro já estará a tomar dois passos gigantes em direcção ao seu objectivo.

O temperamento dos coelhos é importante, pois ao juntar dois coelhos com temperamento forte poderá induzir maior quantidade de lutas.

A idade já será algo menor ao determinar a compatibilidade. Não assuma que a sua fêmea adulta vai sentir-se maternal em relação a um bebé, pois tal pode não acontecer.


Passo 3: Cenários comuns

Agora que finalmente está pronto, que já instalou uma gaiola por coelho, tem a sua área de território neutro, um spray cheio de água e a sua dose de paciência infindável, chegou a hora das apresentações.

Primeiro, os coelhos são soltos ao mesmo tempo das gaiolas ou transportadoras e passarão alguns minutos a ignorar-se enquanto exploram o terreno. De repente um dos coelhos vai atrás do outro, que foge. O primeiro monta o que fugiu e não o deixa mexer, e o segundo deixa-se ficar. Isto é bom sinal, pois significa que estabeleceram a hierarquia e quem manda é o primeiro. Mesmo que tenha havido algum pelo a esvoaçar, os coelhos entenderam-se.

Depois de 20 minutos os coelhos devem voltar às respectivas gaiolas, que devem ser mantidas lado a lado para que ambos se habituem ao cheiro do novo companheiro. Posteriormente deverá repetir as sessões de 20 minutos em território neutro diariamente. O primeiro coelho continuará a afirmar a sua supremacia através de perseguições, montar, morder...Eventualmente poderão ocorrer lesões que requeiram cuidados veterinários.

Um dos aspectos mais difíceis para quem está a assistir é decidir quando deve intervir, o que é essencialmente uma decisão que a pessoa tem de tomar. Muitas vezes é difícil separar o lado emocional do racional, especialmente quando o coelho que está há mais tempo em casa é o que sofre. Contudo, se achar que o coelho dominante está a ser demasiado agressivo tem diversas opções como distrair os coelhos através de sons como bater os pés, deixar cair algo no chão ou falar alto ou usar o spray apontado aos focinhos (ter o cuidado de secar os coelhos antes de os devolver às respectivas gaiolas para que não desenvolvam fungos).

Quando vir sinais de que os coelhos estão a cuidar um do outro, então é altura de os colocar em território não neutro, sendo que poderá ter de voltar ao processo das apresentações no novo local.


Existe outra hipótese de encontros imediatos de coelhos: os hostis. Ao fim de poucos minutos os coelhos estarão envolvidos numa grande luta da qual poderão resultar sérias lesões. Os coelhos irão agarrar-se com os dentes, bater na barriga do outro com as patas traseiras e nenhum irá recuar, pois ambos querem ser dominantes. Quando estes coelhos definirem a hierarquia poderão estar seriamente lesionados. Se após algumas sessões os coelhos continuarem sem se entender, deverá considerar mantê-los em gaiolas separadas e soltá-los a horas diferentes.

Por fim existem os casos de amizade instantânea (aviso desde já que não são muito comuns). Os coelhos saúdam-se como se fossem velhos conhecidos e cuidam um do outro. Este está quase resolvido por si mesmo, mas ainda assim o melhor é continuar a fase de apresentações, não vá um deles mudar de ideias por ver o seu território invadido por um estranho.

Tenha em atenção que se um dos coelhos ou ambos não tiverem ainda seis meses, as lutas podem começar nessa altura e só aí verá se tem coelhos compatíveis ou se vai ter de os manter separados.

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