sábado, 28 de julho de 2012

Castores



Castor é um gênero de roedores semi-aquáticos, da família Castoridae, nativo da América do Norte e da Europa, sendo o único gênero ainda existente dessa família, com duas espécies remanescentes: o C. fiber (castor-europeu) e o C. canadensis (castor-americano). Existiu também o castor-de-kellogg (C. californicus), que está extinto desde o Pleistoceno. Todas eles habitam exclusivamente o Hemisfério Norte, excepto alguns castores americanos, que chegaram à região sul-americana da Terra do Fogo, introduzidos artificialmente. Também introduziram-se indivíduos desta espécie em certas regiões da Europa. Com estas exceções, o Castor canadensis habita unicamente a América do Norte, e o Castor fiber em regiões da Europa e da Ásia. O extinto Castor californicus estendia-se pelo que hoje em dia é o oeste dos Estados Unidos. As espécies vivas são muito similares entre si, mas investigações genéticas demonstraram que as populações europeias e norte-americanas são duas espécies, sendo a principal distinção entre elas o diferente número de cromossomas.
Estes animais são conhecidos por sua habilidade natural para construir diques em rios e riachos que são os seus lares — chamados tocas — criando assim represas que bloqueiam a corrente de água. Para a edificação destas estruturas utilizam principalmente troncos de árvores, que derrubam com seus poderosos dentes incisivos. Apesar da grande quantidade de árvores que devastam, os castores não costumam prejudicar o ecossistema em que vivem: pelo contrário, mantêm-no saudável, pois seus diques proveem uma grande quantidade de benefícios; entre outras coisas, estas barreiras propiciam a criação de zonas úmidas, ajudam a controlar inundações e eliminam contaminantes da corrente. Porém, em ecossistemas estranhos para eles, estas modificações ao ambiente podem ser prejudiciais, como aconteceu, por exemplo, com os castores introduzidos na Terra do Fogo e nas comunidades espanholas de Navarra e La Rioja.
Desde centenas de anos os castores fazem parte da cultura popular e, em alguns casos, tiveram uma grande influência no desenvolvimento das sociedades humanas. Um exemplo disto é sua importância na colonização europeia da América, pois a busca por suas peles foi um dos fatores que impulsionaram a exploração e o posterior desenvolvimento econômico da América do Norte. Isto foi devido ao valor comercial de suas peles e de outros produtos obtidos deles, como o castóreo. Também é um elemento muito representativo na cultura do Canadá, a tal grau que é o animal-símbolo nacional daquele país. Portanto, a influência dos castores não se limita ao setor econômico e comercial, também abarca campos variados como a literatura, religiao e o desporto

Castor fiber


O castor-europeu (Castor fiber) habita nas regiões frias da Eurásia, principalmente na Rússia. É um pouco menor que seu parente americano. Desde a Antiguidade foram caçados, comprometendo sua sobrevivência. Em alguns países onde antes viviam, como a Espanha e o Reino Unido, foram erradicados devido a esta caçada desmedida, e mesmo que na era moderna a espécie se encontra ligeiramente ameaçada, vai aumentando os esforços realizados para restabelecer suas populações em todo o continente, pelo que a população desta espécie vai aumentando. Calcula-se que seu número esteja em cerca de 600.000 indivíduos. Para colaborar neste projeto de repovoação, alguns organismos, como a União Europeia , e acordos internacionais, como o Convênio sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas, administrado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente , se encarregam de proteger a este roedor.

Castor canadensis



O castor-americano (Castor canadensis), também chamado simplesmente "castor" na América do Norte, é o maior roedor do Hemisfério Norte e conta com 25 subespécies. Habita nas regiões predominantemente frias e arborizadas do Canadá, Estados Unidos e, em menor medida,México. Não obstante, também se introduziu a espécie em outras regiões, se destacando aTerra do Fogo e a Península Escandinava. Na Finlândia conviveram diretamente com castores europeus, e inclusive chegaram-se a cruzar alguns exemplares de ambas espécies.
Este animal com frequência é caçado por sua pele. A princípios do século XIX, a caça acabou com eles numa boa parte de sua área de distribuição original. Os povos nativos e primeiros colonos também comiam sua carne. Grande parte da exploração inicial da América do Norte foi impulsionada precisamente pela busca da pele do castor americano.
Esta espécie é mais abundante que a europeia e sua população se estima entre os 10 e 15 milhões de exemplares, ainda que originalmente pôde ter tido dez vezes essa quantidade de castores na América do Norte, antes dos dias do comércio de peles. Apesar deste declive, não se considera à espécie em perigo de extinção.

Comportamento




Suas atividades, e nunca viajam por terra a não ser que seja necessário. São animais sociáveis, chegando a formar grupos ou colônias de até doze indivíduos, compostas por um casal e seus filhotes. As famílias pequenas podem viver numa toca sozinha, mas as maiores podem precisar de refúgios adicionais. Quanto maior o isolamento do lugar onde vivem e a abundância de alimentos, maior será a população de castores.
Vivem em correntes onde, a fim de conseguir água com suficiente profundidade, constroem diques com lodo e com os troncos e ramos das árvores que derrubam com seus poderosos incisivos. Geralmente escolhem correntes cuja profundidade tenha mais de um metro para iniciar seus trabalhos. No estanque criado constroem suas tocas. Durante a construção, o lodo ou barro é colocado com as patas dianteiras e não, como se costuma crer, com a cauda, a qual é empregada unicamente como timão quando nadam e para se manter em pé quando se apoiam em suas patas traseiras. Para a construção dos diques, que quase sempre os fazem pela noite, os castores transportam o lodo e as pedras com suas extremidades dianteiras e a madeira entre seus dentes. Ao nadar, impulsionam-se com suas extremidades posteriores, que sempre permanecem submergidas, deixando fora da água unicamente sua cabeça, para poder respirar e ver o entorno. Apesar de serem bem mais hábeis nadando que se deslocando por terra, não costumam atingir grandes velocidades; geralmente não superam os 10 km/h.
Durante a primavera e o verão encarregam-se de reunir as reservas de madeira que lhes servirão para se alimentar durante sua repouso invernal. Continuam coletando alimentos até o final do outono. Durante este lapso também se encarregam de consertar os danos que possam ter a toca ou os diques, ainda que pelo geral não começam a fazer isto até iniciar as geadas. É também durante esta época quando se reproduzem; juntam-se nos meses da primavera, ou um pouco antes, e os filhotes nascem durante o verão. Ademais, ao final da cada outono cobrem suas cabanas com lodo fresco, o qual se congela quando diminui a temperatura no inverno e torna-se muito duro, de tal forma que os predadores não podem perturbar seu repouso. Com a chegada do inverno, refugiam-se em sua toca e sobrevivem da reserva que se encarregaram de reunir durante todo o ano. Quando o gelo se rompe na primavera, deixam suas tocas e começam o ciclo de novo.

Alimentação

A dieta dos castores é estritamente herbívora. Alimentam-se do córtex, ramos e folhas das árvores que devastam e das raízes deplantas aquáticas. Ainda que possam ingerir quase todo vegetal comestível que encontrar na margem de um rio ou lago, preferem certos alimentos sobre outros. Observou-se que os castores europeus preferem o córtex e folhas de árvores como salgueiros, petulas e aveleiras, enquanto os castores americanos preferem árvores como sauces, abedules, álamos, cerejeiras, aceres e amieiros, entre outros. Apesar de suas preferências, a dieta de um castor costuma basear-se na disponibilidade de alimentos, pelo que não recusam um alimento ainda que não seja de seus favoritos.
Para subsistir no inverno reúnem uma reserva de comida, a qual mantêm submergida no fundo do estanque onde vivem, bem perto de uma das entradas à toca. Costumam colocar os ramos maiores na parte superior e os menores na parte inferior da pilha para impedir que estas últimas sejam arrastadas pela corrente. Quanto mais frio seja o clima no lugar que vivem, mais importante se volta a recolha desta reserva de comida, pois costumam passar praticamente todo o inverno dentro de suas tocas. Além de servir-lhes como fonte de alimento, esta reserva de madeira tem outra função. Já que a superfície do estanque congela-se durante o inverno, os castores permitem que alguns ramos flutuem na água, impedindo que esta se solidifique nessa zona. Desta forma podem sair ao exterior em caso de alguma emergência por exemplo, se esgota-se a reserva de comida.

Reprodução

Os castores são capazes de juntar-se em quase qualquer etapa de sua vida, e são monógamos — ainda que se sua parceira morre, podem conseguir outra. Sua monogamia deve-se principalmente porque, para o correto cuidado das crias, é necessário que ambos os pais colaborem, já que um só não seria capaz das cuidar. Portanto, devem permanecer unidos o tempo todo para que a reprodução tenha sucesso.
A época de acasalamento começa quando gelo invernal se derrete, o que acontece aproximadamente em fevereiro. Cada fêmea acasala somente uma vez por ano. O acasalamento costuma realizar-se sob a água, ainda que também possa acontecer na margem do rio ou no estanque onde vive o casal. Após o período de gestação, que dura aproximadamente uns três meses e meio (100 dias), a fêmea dá a luz de 2 a 4 filhotes (ainda que em casos extremos podem ser até 9), os quais nascem já com os olhos abertos e cobertos de pelos. Estes são amamentados durante as primeiras semanas de vida, nas quais permanecem dentro da toca junto com a mãe e as crias da temporada anterior, que têm ao redor de um ano de idade. Os castores de dois anos, seguem vivendo com a família, ajudam à mãe a alimentar e proteger aos recém nascidos. O pai enquanto sai e permanece nas redondezas, cuidando o território. Enquanto deixam de ser amamentados, a mãe começa a alimentar a suas crias com folhas tenras. Quando são muito pequenas, as crias se comunicam constantemente e fazem muito ruído, e enquanto vão crescendo torna-se menos ruidosas, ao começar a se comunicar com cheiros ou certas atitudes específicas. Um tempo depois, geralmente com um mês de idade, os jovens começam a mover-se pelo exterior da toca, ainda que seguem sendo bastante dependentes de seus pais, já que são eles quem lhes seguem administrando alimento e proteção por cerca de um ano. Durante este período, aprendem algumas valiosas habilidades ao copiar o comportamento dos castores adultos, ainda que ainda não tomam parte nos trabalhos de construção e outras atividades. Quando os jovens atingem a maturidade sexual, o que costuma acontecer a partir dos dois anos de idade, podem se separar da colônia e formar a sua própria colônia. Porém, se é uma época de escassez de alimentos, seca ou há uma alta densidade de população, podem adiar sua partida, já que estes fatores reduzem suas possibilidades de estabelecer exitosamente uma colônia. Quando finalmente decidem se separar, não costumam se estabelecer em um ponto muito longe do seu lugar de nascimento.

Habitat

Os castores habitam nas zonas ribeirinhas, e predominantemente em regiões frias. O costume destes animais durante centenas de milhares de anos em seu habitat natural foi manter saudáveis e em bom estado aos ecossistemas aquáticos em que vivem, ainda que para um observador humano, vendo todas as árvores devastadas, em ocasiões pode parecer que estão fazendo justo o contrário. Na realidade o castor é uma espécie que trabalha como peça importante em seu ecossistema ao criar zonas úmidas que são úteis para muitas outras espécies. Após os humanos, nenhum outro animal modifica tanto o meio que o rodeia como o castor.

Diques

Os diques são construídos pelos castores para proteger-se dos predadores, tais como coiotes, lobos e ursos, e para poder ter acesso fácil e seguro à comida durante o inverno. Por outro lado, a função primordial desta barreira é deter o fluxo da corrente, a fim de criar uma represa com águas tranquilas onde os castores possam construir sem dificuldades suas tocas. Com frequência, os castores constroem um dique menor rio acima para diminuir a força da corrente e assim reduzir a pressão que exerce esta sobre a toca. Costumam dar manutenção a todas as estruturas, com o que pouco a pouco vão aumentando de tamanho. Os castores podem reconstruir seus diques principais em decorrência de uma noite, ainda que podem não defender os diques secundários tão vigorosamente. Os castores são famosos por ter construírem diques muito longos. O mais longo que se conhece foi descoberto perto de Three Forks, Montana, e media uns 652 m de comprimento, 4 m de altura e 7 m de grossura na base. Também sabe-se que estes longos diques costumam ser obra de só umas poucas famílias de castores aparentadas, e a cada família não costuma passar dos dez membros. Porém, os diques pelo geral não medem mais de 1,5 m de altura e uns 3 m de largura na base, se fazendo mais estreitos para a parte superior. O comprimento do dique geralmente depende da corrente do rio. Além de longos, costumam ser muito resistentes, pois podem suportar o peso de uma pessoa.
O dique difere em forma de acordo com a natureza da corrente na que se encontra. Onde a água tem pouca força, é praticamente reto; onde a corrente é considerável, é curvo, com sua convexidade de frente para a corrente. Não se observou um processo particular para a edificação, excepto que o trabalho é realizado constantemente e que todas as partes estão construídas com a mesma solidez.
Pensa-se que é principalmente o som do água correndo o que estimula aos castores a construir. No entanto, estudos realizados para analisar as atividades habituais dos castores indicaram que estes podem responder a uma variedade de estímulos, não só o som de água em movimento. Em dois experimentos demonstrou-se que, ainda que os castores empilharão material com um som emitindo sons de água correndo, só o fazem após um considerável período de tempo. Num desses experimentos, se observou que os castores enterravam os altifalantes que produziam o som até que não podiam o ouvir mais. Adicionalmente, os castores, ao ser enfrentados com um cano que permitia a passagem da água através de seu dique, se encarregaram de deter o fluxo de água tampando o cano com lodo e varetas. Observou-se que os castores faziam isto inclusive quando o cano não produzia o som de água em movimento. Os castores costumam consertar os danos que tenha o dique e o construir mais alto enquanto o som continue. Porém, nas épocas onde os rios se tornam muito caudalosos, geralmente permitem que fluam com liberdade pequenas correntes através do dique.

Tocas

Os diques bem mantidos bloqueiam a corrente de água, criando desta forma uma profunda represa que ajuda a isolar o lar dos castores: sua toca, conhecida também como cabana, uma estrutura de forma cônica onde a família de castores vive, e que é construída também com ramos e lodo, além de musgo e plantas. As entradas da toca encontram-se sob a água para evitar que fiquem bloqueadas quando a superfície da represa se congelar e para fazer quase impossível a entrada de outros animais (ainda que se encontraram ratos-almiscarados vivendo dentro de tocas junto com os castores que as construíram).
A toca em si consiste numa câmara principal, de até um metro de altura, cujo solo está ao nível da água e a onde chegam as entradas desde o exterior, que pelo geral são duas: a primeira, reta e inclinada, é usada para levar madeira ao interior, e a segunda, que desce à água de forma mais direta, é utilizada só para entrar e sair. Justo fora da primeira entrada, os castores mantêm armazenada sua reserva de comida para o inverno. Na verdade a toca costuma ter o andar a dois níveis diferentes como medida de proteção em caso que se eleve o nível da água durante o degelo de primavera. Apesar de que o ar se filtra através das paredes, também é comum que tenha uma seção mais aberta no teto que sirva para ventilar o interior e facilitar a entrada do ar.

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